Trump tem pressa para encerrar uma guerra na qual entrou sem vontade própria
Presidente americano, Netanyahu e Khamenei calibram maneiras de encerrar o conflito diante de seus públicos internos.
No ritmo de um reality show, Donald Trump anunciou um inédito cessar-fogo entre Israel e Irã em posts de sua rede social, logo depois do revide coreografado do regime teocrático à maior base militar dos Estados Unidos no Oriente Médio.
O presidente americano expressou ansiedade para sair rapidamente de uma guerra aérea ao qual ingressou, na noite de sábado (21), não por vontade própria, mas por pressão de Israel.
A pressa de Trump pelo fim do conflito, que ele prematuramente batizou de “Guerra dos 12 dias”, é evidente no tom eufórico das publicações na Truth Social.
O presidente congratulou os envolvidos e agradeceu ao Irã pela retaliação comedida, avisando com antecedência que 14 mísseis estavam a caminho da base de Al Udeid, no Catar, sem deixar mortos e feridos.
“Esta é uma guerra que poderia ter durado anos e destruído todo o Oriente Médio, mas não aconteceu e nunca acontecerá”, assegurou Trump.
Tratando-se do Oriente Médio, contudo, e dois rivais não confiáveis, não há qualquer garantia para isso. Ainda que Israel e Irã tenham inicialmente aderido ao plano de Trump, as acusações de violações do cessar-fogo reverberam após nova troca de mísseis.
No clamor por paz, redigida em letras maiúsculas, o presidente americano atuava para o público interno, que rechaça a participação dos EUA em mais uma guerra no Oriente Médio.
As promessas de encerrar rapidamente as guerras na Ucrânia e em Gaza estão engavetadas em sua lista de desejos.
Ao mesmo tempo, ao decidir não revidar o ataque iraniano à base do Catar e dar por encerrada a participação dos EUA no conflito, o presidente parecia permitir que o regime iraniano tivesse uma saída honrosa para a humilhação sofrida nos últimos dias.
Este enfraquecimento se traduziu em ataques a usinas nucleares e instalações estratégicas, e a eliminação de duas dezenas de comandantes militares e cientistas nucleares.
Mas ainda não está claro o quanto de seu programa nuclear foi realmente debelado na ofensiva contra as instalações nucleares, iniciada por Israel e concluída pelos EUA, como alardeiam Trump e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu.
G1